Durante a programação da 11ª Semana de Letras, realizada pelo PET Letras (Ufal), em parceria com o Núcleo de Estudos Indigenistas – NEI, a Direção da Faculdade de Letras e as Coordenações de Graduação, o professor Dr. Roberto Sarmento Lima, ministrou a palestra: “O Pessoa na pessoa de Candido”. O encontro aconteceu na última sexta (21). Na oportunidade, Sarmento falou sobre a vida e produção do crítico literário Antonio Candido e o uso de pseudônimos, além de fazer uma ‘provocação’ quando o compara ao escritor português Fernando Pessoa.
A comparação se dá em relação a escolha dos dois autores em utilizar pseudônimos, Candido incorpora Fabrício Antunes, Joaquim Carneiro e Inácio Borges de Melo. Já Pessoa, o heterônimo Alberto Caeiro. Durante toda a exposição, a obra do crítico brasileiro foi aliada ao período em que ele escreveu, nesse sentido, a idade no momento da publicação. O professor ainda afirmou que há uma particularidade no Brasil no sentido de o romancista também ser um ensaísta. Carregando alguns traços textuais, como por exemplo: a inquietação, o paradoxo e a contradição apontada por Candido.
Desse modo, o ensaísta ainda traz para a discussão a ideia de uma interação dinâmica entre autor-obra-público. E ver a literatura como [...] um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; e só vive na medida em que estes a vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a. A obra não é produto fixo, unívoco ante qualquer público; nem este é passivo, homogêneo, registrando uniformemente o seu efeito. São dois termos que atuam uma sobre o outro, a aos quais se junta o autor, termo inicial desse processo de circulação literária, para configurar a realidade da literatura atuando no tempo [...] (CANDIDO, 2000, p.68). (Grifo do palestrante).
O professor Sarmento ainda afirma em sua fala que Candido compara o presente com o passado sem ser saudosista. E que o autor buscou analisar textos autobiográficos, tendo o ato crítico como sistema levando em consideração o conhecimento da sociologia. Ainda destaca a presença pessoal do autor por meio do memorialismo. Também na obra do sociólogo há a distinção clara entre a concepção de Brasil e da literatura brasileira.
Em seu processo criativo não há movimentos definitivos, o crítico aparece como o objeto do discurso em seus pseudônimos ou semi heterônimos ao passo que Candido trata da história das nossas leituras como múltiplas e contraditórias, sendo guiadas por um ritmo fragmentado. O professor Sarmento consegue conduzir a palestra por meio de um ensaio e a aplicação do método candiano.
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